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Uma Vida de Sacrifício—2ª Parte

Uma Vida de Sacrifício—2ª Parte

Da série Roadmap

A vida de sacrifício vai contra nossos desejos naturais e inclinação por uma vida confortável, de gratificação e segurança. Como Paulo tão bem definiu, às vezes é um sofrimento morrer cada dia e entregar sua vida no altar de sacrifício. Podemos chegar a ponto de pensar: “O que estou fazendo? Isto dói!”.

É realmente importante nos perguntarmos por que estamos dispostos a fazer os sacrifícios que o Senhor nos pede.

Enfrentar esse questionamento também serve para nos lembrar de alguns grandes homens e mulheres de Deus, nossos antecessores, e o que suportaram e ao que renunciaram durante suas vidas.

O rei Davi disse: “Não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada.”[1] Isso poderia ser interpretado que ele contava que pagaria um preço pelo que deu ao Senhor.

Qual a origem desse tipo de força para sacrificar? O apóstolo Paulo resumiu muito bem ao dizer: “O amor de Cristo me constrange”.[2] O amor de Cristo me compele a isso.

Nosso amor por Jesus e o Seu amor por nós podem nos motivar a dedicar a vida a Ele. Nada é mais forte ou convincente para justificar os sacrifícios. Apenas um amor profundo e constante por Jesus nos inspirará a ser como Ele e seguir Seus passos em uma vida de amor e serviço ao outros que, em última análise, se traduz em uma vida de sacrifício.

Tentar viver uma vida sacrificada por alguma outra razão ou motivação menos do que um amor sólido por Jesus provavelmente não vai durar.

Às vezes, quando o Senhor nos pede para fazermos um sacrifício isso colocará à prova nossos valores, convicções, e a nossa fé, e nos fortalecerá o suficiente para enfrentarmos o teste do nosso amor pelo Senhor. Conforme buscarmos cumprir a Sua vontade para nossa vida e seguir o Seu exemplo de amor e a Palavra, nossa motivação para dedicarmos nossa vida em serviço a Ele e outros aumentará e se fortalecerá.

É importante também não perdermos de vista o fato de que O amamos porque Ele nos amou primeiro. Vivemos por Jesus porque O amamos, mas também por gratidão por tudo que nos deu — a Sua vida. A Bíblia denomina nossos sacrifícios “culto racional” (uma obrigação). Na verdade, estamos tentando pagar uma dívida que temos com o Senhor, o que, logicamente, sabemos nunca será possível. Mas ficamos contentes em tentar.

Esta citação de David Livingstone resume muito bem essa questão:

As pessoas falam do sacrifício que fiz ao passar grande parte da vida na África. Será que é possível chamar de sacrifício o simples reconhecimento de uma grande e impagável dívida para com o nosso Deus? Por acaso é um sacrifício aquilo que traz recompensa em termos de atividade sadia, consciência de fazer o bem, paz de espírito e a alegre esperança de um destino glorioso? Definitivamente não é um sacrifício. Pelo contrário, é um privilégio. Ansiedade, doenças, sofrimento, perigos, abrir mão das amenidades desta vida — apenas por um momento — podem nos fazer parar e vacilar no espírito, e afundar a alma. Nada disso se compara com a glória a ser revelada em nós e por nós. Eu jamais fiz um sacrifício. Não devemos usar essa palavra se lembrarmos do grande sacrifício que o Senhor fez ao deixar o trono do Pai no alto para Se entregar por nós. —David Livingstone

O apóstolo Paulo nos dá um outro bom lembrete da razão porque nos dedicamos a uma vida de serviço: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna.”[3] A falta de alternativa talvez não seja a razão mais reconfortante para se sacrificar pelo Senhor e por outros,  mas o cristão ativo que entende a Palavra de Deus e o que ela nos pede, não pode negar a necessidade que sentimos de servir, perseverar e continuar negando a nós mesmos e viver uma vida de serviço, por mais difícil e desconfortável que seja em algumas ocasiões.

Nós temos um propósito na vida e nos sentimos muito entusiasmados por cumpri-lo. Mesmo que o sacrifício não nos faça sentir bem e, às vezes, pensemos em uma maneira de nos esgueirarmos para fora dele, na realidade não podemos fazer isso, porque amamos o Senhor. Então, qual a alternativa? Para quem iremos?

Não significa resignar-se a uma vida de constante sacrifício. Passamos por ciclos. Em algumas ocasiões o Senhor exige mais de nós, em outras menos. Ele entende que a vida não é fácil e que ficaremos desgastados se tivermos que nos sacrificar constantemente sem alívio. Ninguém consegue ministrar e se doar dia após dia, ano após ano, sem períodos de descanso e folga, os quais o Senhor fica feliz em nos proporcionar. Mas, no geral, tomamos a decisão de “suportar os sofrimentos”.[4]

Não existe caminho fácil ou maneiras simples, esporádicas e sem risco de alcançar realizações de destaque. Na vida, tudo que tem valor tem um preço — e alto! Por isso é tão importante acreditarmos de verdade no que desejamos realizar nesta vida, pois sem a visão celestial, nada disso faz sentido. Para o não cristão ou a pessoa que não pensa no por vir, a vida terrena é a soma total da sua existência. Ela se sacrifica e colhe o que é temporário.

Nós sabemos que todos têm que fazer sacrifícios nesta vida. Adultos, crianças, homens, mulheres, jovens, velhos, a pessoa religiosa ou não religiosa, o rico, o pobre — o conceito de sacrificar, de dar algo para obter algo, é o mesmo no mundo todo. Todos os tipos de pessoas fazem sacrifícios por aquilo no que acreditam.

Nós, cristãos, que entendemos o desígnio maior e o sentido da vida, sabemos que a nossa existência transcende a vida na terra. Por isso, temos a sabedoria de nos sacrificarmos aqui e agora por amor e gratidão Àquele que deu Sua vida por nós, para podermos viver na Sua presença por toda a eternidade e, posteriormente, na outra vida, recebermos recompensas eternas.

A Bíblia nos diz que “todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pais, ou filhos, ou terras [ou qualquer coisa que foi preciso renunciar ou ainda terá que renunciar pelo Senhor], por amor do meu nome, receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna.[5] Um dia, ao término da jornada nesta vida, você receberá a bênção plena devida por cada um dos sacrifícios feitos”. Portanto, existe retorno. São retornos que recebemos por nossos sacrifícios, de maneira que a definição de sacrifício para o cristão não se traduz em “perda”, mas sim “renúncia voluntária a algo (nossas vidas); abandono voluntário de algo precioso”. A mim parece um retrato muito mais correto da vida de fé.

David Livingstone sabia disso, por isso pode afirmar nunca ter feito um sacrifício. Se por um lado estamos tentando devolver ao Senhor tudo que Ele nos deu por meio da vida eterna, por outro, Ele ainda vai nos ressarcir cem vezes mais pelos sacrifícios que fizermos.

O cristão ativo nem sempre terá um estilo de vida confortável. Mas é sólido e estável espiritualmente, tem mais estabilidade do que qualquer outra coisa, porque o seu alicerce é o Senhor, e Ele é o único forte, inabalável, e confiável o suficiente para prometer “Eis que estou convosco até à consumação dos séculos”,[6] e “Nunca o deixarei ou desampararei”.[7]

Mais ninguém pode fazer essa promessa. Não existe garantia igual em todo o universo. Essa é a garantia de que dispõe o cristão. Esse é o “fator Deus” no qual pode acreditar, confiar e até apostar sua vida.

Se quiser mais artigos do Âncora, visite o site Âncora.


Notas de rodapé

[1] 2 Samuel 24:24.

[2] 2 Coríntios 5:14.

[3] João 6:68.

[4] 2 Timóteo 2:3.

[5] Mateus 19:29.

[6] Mateus 28:20.

[7] Hebrews 13:5.