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O Deus Vivo

O Deus Vivo

Peter Amsterdam

Ler o que a Bíblia diz sobre Pai, Filho, e Espírito Santo — a Santíssima Trindade — deixa evidente que Deus é muito mais que energia ou força. Ele não criou o universo e Se ausentou, mas interage com Sua criação. A Bíblia o revela claramente no início, nos relatos do Antigo Testamento e principalmente por meio de Jesus, a segunda entidade da Trindade, o qual assumiu a forma humana e viveu na Terra. Posteriormente o Espírito Santo, que passou a habitar eternamente em todos os que creem. Tudo isso demonstra a interação contínua entre Deus e a Sua criação.[1]

Deus está vivo! Se por um lado é sinal de Sua existência, por outro possui um significado muito mais profundo. Ele interage com a humanidade, principalmente com aqueles que O amam e seguem. A Bíblia diz que Ele existe pelo Seu povo, sempre disponível para o ajudar, agir em sua defesa, e abençoá-lo por amor do Seu nome.[2]

Numerosas passagens no Antigo e no Novo Testamento referem-se a Deus como o “Deus vivo”. Fala que Ele está vivo e interage com Seu povo. Nos Salmos, Davi escreveu: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando me irei e juntarei à Sua presença?”[3] No livro de Jeremias consta a declaração: “O Senhor é o Deus verdadeiro; o Deus vivo e Rei eterno.”[4] E quando perguntado sobre quem Ele era, Simão Pedro respondeu: “Você é o Cristo, o filho do Deus vivo.’”[5]

Em 2 Coríntios 3:3, o apóstolo Paulo referiu-se aos seguidores como “a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo.” O termo “Deus vivo” é utilizado fazendo a diferenciação entre Deus e os ídolos costumeiramente adorados na Antiguidade. Em hebraico, as referências aos ídolos no Antigo Testamento são feitas usando palavras que significam inúteis, indignos, vãos, empobrecidos, ou ocos, sem substância. Ídolos são inanimados, meras imagens criadas pelo homem, o oposto do Deus vivo e interativo.

Desafiando os falsos profetas e seus ídolos, o profeta Isaías declarou a diferença entre um Deus vivo e onisciente em relação às coisas do passado, presente e futuro, e os ídolos, que nada sabem:

“Tragam os seus ídolos para nos dizerem o que vai acontecer. Que eles nos contem como eram as coisas anteriores, para que as consideremos e saibamos o seu resultado final; ou que nos declarem as coisas vindouras, revelem-nos o futuro, para que saibamos que vocês são deuses. Façam alguma coisa, boa ou má, para que nos rendamos, cheios de temor. Mas vejam só! Vocês não são nada, e as suas obras são totalmente nulas; detestável é aquele que os escolhe.”[6]

O Deus vivo — o ser supremo, criador do universo e tudo que nele há, inclusive nós — merece nossa fidelidade, adoração, louvor e amor, ao contrário dos ídolos inanimados e inúteis.

A graça de Deus

O Deus vivo e pessoal manifesto na Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo — revela sua natureza divina e o convívio perfeito entre eles. E Deus também interage com a Sua criação a fim de demonstrar o Seu amor. Não temos nenhum direito de demandar Sua atenção, bênçãos, etc. Na verdade, se Deus não tivesse Se revelado à humanidade nem saberíamos da Sua existência. Mas Ele não apenas Se revelou, mas também participa da vida dos que nEle creem.

A criatura se separa de Deus por causa do pecado e se torna desmerecedora do Seu amor, convívio e bênçãos. No entanto, Ele Se dignou nos conceder tudo isso. Esse favor não merecido é conhecido como “graça”. Deus escolheu nos dar o Seu favor e amor, mesmo nós sendo indignos, sem direito algum, e incapazes de fazer por merecer. É isso que Ele nos dá sem pedirmos ou desejarmos, até mesmo quando a Ele nos opomos. Escolheu nos conceder o Seu amor. Sua graça é uma dádiva, algo não merecido da parte de um Deus amoroso e generoso.

Vemos essa graça expressa pelo salmista em diversas passagens: “O Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo.”[7]; “O Senhor é misericordioso e compassivo, paciente e transbordante de amor.”[8]

A salvação em Jesus é o maior exemplo da graça de Deus. Ninguém pode fazer por merecer a salvação, pois o pecado nos condena ao castigo. Mas Deus nos concedeu o dom da salvação por meio do Seu amor, da encarnação de Jesus e da Sua morte pelos nossos pecados. Somos salvos pela graça. Não a conquistamos ou somos dignos. Ela nos foi dada pelo Deus da graça que nos ama e deu Seu filho para a redenção de todos. “Pois pela graça sois salvos por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus.”[9]

O caráter e a natureza de Deus é de graça, e Ele nos concede a graça como uma dádiva. Ele é incrivelmente generoso!

Conhecer a Deus

Deus Se revelou para a humanidade por meio da revelação geral e especial, e a Sua Palavra nos dá o entendimento do dom da salvação. O cristão pode construir o seu entendimento de Deus e dos Seus caminhos através de uma relação pessoal com Ele. O Espírito Santo habita em nós.[10] Conhecemos Jesus e, portanto, o Pai.[11] Porque amamos Jesus, somos amados pelo Pai, e Jesus Se manifesta a nós.[12] A Bíblia nos revelou Deus e por meio da salvação nos tornamos Seus filhos, o que nos dá a oportunidade de conhecê-lO pessoalmente.[13]

Nós, criados à imagem e semelhança de Deus, possuímos aspectos similares de Sua natureza, essência e caráter, porém em um âmbito mais limitado. Por exemplo, podemos exibir as mesmas qualidades e virtudes de Deus, como, por exemplo, santidade, misericórdia, equidade, amor e amabilidade. Deus, porém, é infinitamente santo, misericordioso e amoroso. Ele não apenas possui tais qualidades, Ele é tudo isso sem limites. E nós, criados à Sua imagem podemos possuir tais qualidades até um certo ponto, sendo que, em Deus, elas são incomensuráveis. Muitos teólogos dizem que Deus faz o que Ele é. Ele não apenas ama, Ele é amor. Ele não é apenas justo, Ele é a justiça, sabedoria, misericórdia, etc.

Jamais conheceremos a Deus plenamente, mas podemos saber o que Ele nos revela a Seu respeito. Obtemos algumas informações genéricas pela observação do mundo ao nosso redor, a Sua criação. Outras aprendemos de forma mais específica, pelo meio principal que Ele escolheu Se revelar à humanidade: a Bíblia. Ela apresenta o que Deus revelou à humanidade sobre Si, e o que Ele disse a Seu respeito é verdade. Ele não nos contou tudo sobre Si mesmo, de modo que não é possível saber tudo. Grande parte do que Ele nos mostrou é um mistério, portanto de difícil compreensão.

Alguns aspectos de Deus são misteriosos, mas Ele Se revela por meio da Sua criação e Palavra. Essas revelações dizem muito sobre Deus e o que nos ensinam nos fazem amar, louvar e confiar nEle.

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Notas de rodapé

[1] Jack Cottrell, What the Bible Says About God the Creator (Eugene: Wipf and Stock Publishers, 1996), 388.

[2] Josué 3:10.

[3] Salmo 42:2.

[4] Jeremias 10:10.

[5] Mateus 16:16.

[6] Isaías 41:22–24 NIV.

[7] Salmo 116:5.

[8] Salmo 145:8.

[9] Efésios 2:8.

[10] João 14:16–17.

[11] João 14:8–9.

[12] João 8:19.

[13] João 1:12.